Génese do Carrossel 2

Sport Lisboa e Benfica x Selecção de Moçambique

Neste ano de 1957, voltámos a Portugal com a Selecção de Lourenço Marques. Ganhamos todos os Torneios e Jogos oficiais, tendo vencido inequivocamente o Sport Lisboa e Benfica e a Selecção de Lisboa por 5×17×1, respectivamente, concluindo a nossa supremacia sobre o Hóquei da Metrópole.

Em Moçambique, meses antes, a Selecção da Catalunha, composta pelos Campeões da Europa, tinha sido batida por um Misto de L.M. por 4×3 e, duas noites depois, pela Selecção de L.M., por uns concludentes 5×1. Estas vitórias abriram caminho para que no ano seguinte, 1958, fosse dada à APLM, a representação de Portugal, no então apetecido Torneio Montreux, que disputámos com camisolas e emblema de Moçambique trazendo atravessado no peito a palavra Portugal.

De pé, da esq: António Souto, Abílio Moreira, Francisco Velasco, Fernando Adrião, Amadeu Bouçós e Manuel Carrelo. Agachados: Romão Duarte, Passos Viano, Alberto Moreira e Vítor Rodrigues

De pé, da esq: António Souto, Abílio Moreira, Francisco Velasco, Fernando Adrião, Amadeu Bouçós e Manuel Carrelo. Agachados: Romão Duarte, Passos Viano, Alberto Moreira e Vítor Rodrigues

Conquistámos a Taça, numa final em que estávamos a perder na primeira parte por 0x2, mas que alterámos no segundo tempo para 4×2, produto de uma vontade férrea de não deixarmos fugir o troféu.

Foi o fim do mundo em Moçambique, pois a população, em delírio, foi para a rua de pijamas e camisas de dormir, a altas horas da madrugada resultado da diferença de fusos horários. Foi uma festa emocionante, com explosões de alegria por todos sítios da cidade, que durou até ao raiar do dia. Acreditamos que Portugal também se exultou. Não estávamos lá para assistir a esta euforia, mas no regresso, um mês depois, pela recepção que tivemos, podemos imaginar o que teria sido.

Chegada ao aeroporto de Mavalane. Da esq: Alberto Moreira, Francisco Velasco, Manuel Carrelo, António Souto, Passos Viana, Victor Rodrigues, Romão Duarte, Abílio Moreira, Fernando Adrião, um desconhecido e a seguir, lá atrás, o meu Pai, Cláudio César e à sua frente a Exmª. Srª José Alvaredo Abrantes de Campos.

Presente no Torneio, encontrava-se o Seleccionador Nacional, Emídio Pinto, em observação dos nossos atletas e quatro de nós fomos convocados para o Campeonato do Mundo a disputar no Porto, dali a um mês: – o Alberto Moreira, o Fernando Adrião, o Amadeu Bouçós e eu. Perante casas lotadas e enormes assistências a apertarem-se no Palácio dos Desportos, hoje Rosa Mota, empatamos com a Espanha, também depois de estarmos s perder por 0x2. Mas a segunda parte foi toda nossa, com os “hermanos” a tentarem reter a bola, refugiando-se na sua área.

Com um público extraordinário que não regateou apoio e nos estimulou desde o princípio ao fim do jogo, invadimos o campo deles, numa pressão “homem a homem” que os sufocou, a pontos de consentirem uma grande penalidade. O nosso capitão Edgar converteu-a, abrindo caminho para o golo da vitória, numa recarga por mim feita, em seguimento dum petardo atirado de longe à trave pelo Adrião.

Golo que valeu um Campeonato do Mundo. Eu, Boronat, Largo caído e Bouçós a assinalar, de braço no ar.

Como a Espanha já tinha empatado anteriormente, conquistámos o Campeonato do Mundo para delírio das pessoas que assistiram a essa final, num jogo impróprio para cardíacos, trazendo para nós o magnífico troféu, que se encontra em exposição, na sala das taças da Federação Portuguesa de Patinagem. Passámos a ser os meninos bonitos da modalidade.

O golo, doutro ângulo, transcrito dum recorte do jornal “Norte Desportivo”, por Alves Teixeira, seu director.

«Acabou há momentos. Os nervos de milhares de pessoas ainda não se normalizaram. Nós próprios, a despeito da confiança que tínhamos nos rapazes, da certeza da vitória que vivia em nós, não deixamos de sentir o nosso sistema nervoso alterado. E, no entanto, nunca presenciamos um Portugal-Espanha em que tivéssemos tamanha convicção na vitória final.

Admiramos os hoquistas espanhóis, possuem inesgotáveis recursos, jogam de igual para igual connosco e são de uma nobreza inultrapassável a jogar. Gastam-se, entusiasmam-se, vivem como os nossos, esses jogos em que se dá tudo, em que nunca fica guardada a mais pequena reserva de energia. Mas sem sabermos explicar a razão, a vitória sobre a Espanha tem um encanto especial. Parecem ter valor dobrado. Esta confissão só honra os nossos vizinhos, pois é testemunho que os tememos e os respeitamos.

Instantâneo feliz do golo da vitória, de outro ângulo

GOLO! GOLO! GOLO! PORTUGAL! PORTUGAL! PORTUGAL! – Eis o momento culminante do segundo golo português, aquele que valeu um Campeonato do Mundo. Largo vai repelir a bola e na recarga, no meio de tremenda confusão, será Velasco que impelirá a bola para as redes. Os espanhóis protestaram a legalidade do lance. É crível mesmo que “quisessem” “penalty” mas o juiz de campo fez muito bem validar o golo. O contrário seria beneficiar o infractor. Eis uma fotografia que passará à história. Recordamos de novo que aquela baliza do topo norte é a “mascote” de Portugal»

Nota: Este trecho faz-me recordar este golo que é um dos poucos que guardo na memória. A descrição de Alves Teixeira está correcta, mas o golo foi limpo. A bola bate na trave e no ressalto dou-lhe um primeiro toque para metê-la dentro mas o guarda-redes Largo, para azar dele, repele-a na minha direcção, o que me permitiu recargar com êxito. Tudo numa fracção de segundos. A confusão foi gerada depois, tal com acima foi aventado, com os espanhóis a reclamarem que tinha sido penalti! Na fotografia de cima, estou a ver o árbitro a confirmar o golo,  apontando o dedo para o centro da pista.

Ao fim e ao cabo, o que realmente interessou foi podermos tirar a seguinte fotografia, para alegria dos milhares de concidadãos que assistiram a esta final, que acreditaram e puxaram por nós, mesmo quando estávamos em desvantagem. Nunca imaginei passar por algo semelhante, por tanto apoio e tanto carinho, manifestados pelas gentes do norte do País com quem nos cruzávamos nas ruas ou que, diariamente, acorriam a encher o magnífico Palácio de Desportos.

A"grande família", os atletas, os dirigentes e os milhares de adeptos. Da esq. de pé: ?, José Trabazos, António Henriques, Gaudêncio Costa, Olivério Serpa, Emídio Pinto, Domingos Perdigão, Amadeu Bouçós, patinadora?, Nelson Soromenho, Francisco Velasco, Fernando Adrião, ?, Vitor Lemos. Agachados: António Matos, Alberto Moreira, José Vaz Guedes, Mário Lopes, Carlos Bernardino e Edgar Bragança.

No ano seguinte, 1959, em Généve, arrecadámos o Campeonato da Europa, vencendo a Espanha na final por 5×2. De caminho, 3 das versões da Taça Latina foram também arrebatadas, o que nos garantiu o ambicionado título de Campeão Latino (alterando o de vencedores da Taça) e a posse dela em definitivo, dado o maior número de conquistas (três seguidas ou cinco alternadas).

Cerimónia de abertura do Campeonato da Europa de 1959, Genebra, Suiça

Em 1960, agora sob a liderança do Seleccionador Nacional, António Raio, fomos disputar o Mundial que se realizava em Madrid. Portugal e Espanha estavam no auge, em companhia duma Argentina surpreendente, novo berço de futuros talentos que mais tarde acabaram por impor-se no cenário internacional. Com o jogo da final a aproximar-se, os nervos instalaram-se no seio da Selecção e, tal como acontecera na Beira contra o Paço de Arcos, foi-me pedida uma análise e uma sugestão de como lidarmos com a equipa adversária.

O magnífico Pavilhão de Desportos de Madrid onde se realizou o Mundial de 1960

Recordo-me que fiquei surpreendido, mas como estávamos todos reunidos para esse propósito e após certificar-me que não era uma daquelas brincadeiras usuais dos companheiros e que estes aguardavam com ar sério pela minha intervenção e até porque tinha necessidade de expressar as minhas preocupações, avancei com uma proposta para o jogo da final, que se realizaria nessa noite, a qual deu um propósito claro à equipa.

Pela primeira vez na história das minhas participações na Selecção Nacional, os super-executantes entraram em campo com um objectivo determinado, a saberem exactamente como agir. O resultado foi irresistível: 3×1, sem camisolas suadas, num ambiente de terrível hostilidade. Ainda hoje me arrepio quando me lembro da tremenda assobiadela que ressoou pelo Pavilhão, com que 16 a 18 mil amigos “hermanos” nos receberam, mal entrámos na pista. E, como nota interessante, o Bouçós, o Adrião e eu, por essa ordem, marcámos cada um o seu golo! O meu, já na segunda parte, como resultado do ascendente que fomos criando, ao imprimirmos um jogo mais ofensivo.

O tipo de actuação da Espanha foi por mim caracterizado do seguinte modo:

– Jogam extremamente afinados num bloco de 4, com permutas de lugar e passes frequentes entre todos os seus elementos. Alto poder de retenção de bola, com passes contínuos envolvendo os adversários que frustrados por não conseguirem a bola, acabavam por deixar uma aberta. Até ao jogo da final, tinham marcado 55 golos e sofrido 5, comparados com os nossos 58 golos marcados e 8 sofridos, o que colocava as duas selecções no mesmo patamar.

Solução: (Em cima da hora, esta solução tinha de ser muito simples, se bem que um tanto audaciosa. A alternativa seria voltarmos ao nosso jogo habitual)

Criar uma situação estranha à habituação dessa equipa, que a desconcertasse.

– Assim, sugeri que em todas as situações, defenderíamos só com 3 dos nossos elementos, ficando eu no vértice dum triângulo cuja base era constituída pelo poderoso Vaz Guedes e o intransponível Adrião, cabendo ao Bouçós deixar-se ficar pela área adversária, alternando a nossa actuação com ataques em “Carrossel”, sem nunca perder de vista o triângulo defensivo combinado.

Resultado:

– A Espanha cometeu erros ao tentar aproveitar, sofregamente, a vantagem numérica de 4 contra 3. Ora, a posição defensiva triangular, torna-se um obstáculo difícil de ultrapassar se o jogador no vértice souber como actuar. Sofreram 2 golos e deixaram de atacar em bloco de 4, passando a marcar o nosso jogador que não vinha para a defesa.

– Os nossos oponentes foram assim forçados a actuar duma maneira para a qual não estavam preparados, totalmente estranha aos hábitos já adquiridos, produto da preparação prévia, cuidada e longa, a que se submeteram e que visava a conquista deste Mundial, o primeiro realizado em Madrid. Curiosamente, foi também o primeiro ganho por Portugal no país vizinho.

Esquemas explicativos da solução e o resultado

Quadro 1 – Mostra o dispositivo triangular assumido como regra defensiva, mal perdêssemos a bola, que levou o bloco de 4 oponente a procurar avidamente tirar vantagem da superioridade numérica.

Quadro 2 – Pretendendo uma atitude passiva, interceptei subitamente um dos passes do adversário e caminhei em arco sobre o jogador 2 que recuara para se interpor. Levei a bola para o meu lado direito, fingindo que ia seticar à baliza e passei-a a Bouçós que marcou.

Quadro 3 – Noutro momento do jogo, em que a base do triângulo era eu e o Vaz Guedes, e o Adrião o vértice, este acabou também por interceptar um passe e patinar rapidamente sobre o jogador 2. Desta vez  fingindo que ia dar a bola ao Bouçós, puxou-a para o seu lado direito e seticou, obtendo o segundo golo.

Quadro 4 – Mostra a inevitável marcação a Bouçós, ou a mim, quando era eu que ficava por lá, e o bloco adversário inicial, reduzido a três, quando nos atacava acabava encaixado no nosso triângulo, agora mais alargado e subido no terreno.

De acordo com mapa publicado por Silvestre Lacerda no seu livro "Hóquei em Patins em Portugal"

Nestes três anos de vitórias sucessivas, os jogadores moçambicanos, quando juntos nas Selecções, actuavam sempre apoiados no movimento circular, que o vulgo apodou de “Carrossel” e que veio desfazer posicionamentos rígidos. O médio dessa equipa atingiu valores de golos por partida que nenhum outro jogador da mesma posição tinha alcançado antes, situando-se ao nível dos avançados goleadores mais famosos.

Tenho para mim, que esta Selecção, nesta final do Mundial de Madrid, tinha atingido o máximo rendimento técnico-táctico possível, nas circunstâncias. O “Carrossel”, com a variação defensiva introduzida, acomodara um certo espartilhamento táctico sem contudo eliminar o alto poder de improvisação peculiar do trio ofensivo da equipa.

Desejo notar, entretanto, como exemplo, que neste período de supremacia dos atletas moçambicanos, foram organizados em Lourenço Marques, três Torneios Internacionais, em 1959, 1961 e 1964. Por razões diversas não participei em nenhum deles e o facto iniludível é que a Selecção de Lourenço Marques, com três Campeões do Mundo e um da Europa, não venceu qualquer dessas provas.

O “Carrossel” já não era o mesmo, faltava-lhe o “timing” das acções e da circulação sincronizada que só se atinge com treinos regulares e persistentes. Um carreto fora da máquina e esta deixa de funcionar. Hoje resta-me imaginar que patamar poderíamos ter alcançado, se porventura nos reuníssemos e discutíssemos, serenamente, com ou sem treinador, todas as questões de jogo.

Ao recordar e referir-me a estes episódios da evolução do hóquei pensado versus hóquei improvisado, longe de mim, repito, a pretensão de assacar-me exclusivamente a grandiosidade do jogador ou o mérito das vitórias. Revelando estes aspectos perdidos no tempo, desejo somente dar ênfase ao peso que uma actuação táctica pode ter nos destinos dos jogos e porque não, da modalidade.

Não houve outra intenção. Tenho consciência do que andei a fazer, do que tinha alcançado de patins calçados, que não é mais do que se espera dum jogador dedicado e que hoje seria classificado como atleta de alta competição, a ver:

Alta capacidade física e técnica

Alta capacidade táctica individual e colectiva.

E não foi necessária a intervenção de treinadores e preparadores físicos com as suas salas de aparelhos para hipertrofiar a musculatura. O que fui resultou da adaptação natural ao “rinque-habitat”, no qual, desde a criança temerosa dos obstáculos que enfrentava e sem aconselhamento, fui obrigado a raciocinar até à idade adulta quando o pensamento analítico passou a explicar muita coisa. Este processo requereu, sem exagero, milhares de horas a patinar, com as suas travagens e sprints; inumeráveis seticadas em busca de precisão; persistentes tentativas de aprimoramento das fintas, em que o “leit motiv” se resumia à paixão que sentia pelo que estava a fazer.

No que me diz respeito, deu-me mais gozo a fase da táctica colectiva, da investigação, da análise, das soluções testadas, das tentativas de eliminar hábitos arreigados, das frustrações provocadas pela dificuldade em mover uma extensa frente de combate, do que os sucessos mais ou menos fáceis das soluções individuais improvisadas.

Fiz a minha festa de despedida com 25 anos de idade, logo após o Mundial de Madrid, no Pavilhão de Desportos de Lisboa, cidade esta que se tornara uma segunda casa durante vários anos. Ponderei na altura que já tinha ganho todos os títulos possíveis e que deveria agora dedicar-me à minha profissão. Essa despedida comoveu-me pela maneira emocionante como os entusiastas do hóquei em patins me trataram. Valeu a pena…

Festa de despedida: Esta panorâmica dispensa comentários.

Em 1961, um ano depois, fui para Timor. Os meus companheiros do Clube Ferroviário, que viram afastar-se o seu treinador de há quatro anos e meio, o seu jogador mais titular e obviamente o seu maior amigo, vieram a Portugal disputar o Campeonato Nacional de 1962, que conquistaram para honra do Clube.

Com “Carrossel” ou sem ele, com uma certeza ficara na altura: – Os componentes dessa equipa não eram meros improvisadores, eram atletas com entendimento e conteúdos colectivos consideráveis.

Vinte anos depois, em 1981, quando vim para Portugal, fiquei surpreendido por encontrar um hóquei do passado. Afirmei numa entrevista que tacticamente ainda nos encontrávamos na pré-história da modalidade. Os nossos Clubes e Selecções, nos seus dispositivos de ataque não mostravam mais que um posicionamento ofensivo em forma de losango, um passo retrógrado, agravado pelas tarefas fixas dos seus jogadores. Exemplos:

– I Jogos Mundiais, Santa Clara, USA, 1981

– Torneio de Montreux, 1982

– Campeonato do Mundo, Barcelos, 1982, com algumas excepções, especialmente a final.

Desanimador! Durante este Mundial fiz publicar as minhas notas envelhecidas sob a forma dum pequeno livro já mencionado. Vou citar um trecho em particular:

Hóquei Táctico. “É também um hóquei de plena maturidade, de características totais, que destruirá os conceitos de avançados direitos e defesas esquerdos, originando um atleta altamente versátil, que agirá de acordo com a sua situação no terreno, defendendo-se e atacando nos momentos propícios, com a eficiência que é de se esperar num campo de dimensões tão reduzidas, em que não se justificam posicionamentos rígidos”.

Não sei até que ponto este parágrafo teve alguma influência no desenrolar dos acontecimentos futuros. Só sei que pude constatar que a partir daí, a posição retrógrada do losango desapareceu. Com ela foram-se as posições fixas e hoje todos defendem e atacam.

– Todos defendem mais ou menos bem

-Todos contra-atacam mais ou menos bem

– Todos continuam a atacar mal.

Foi isto o “Carrossel?”, perguntar-me-ão. Não conheço outro! – Direi.

O “Carrossel” pode ter sido moçambicano. Foi a forma popular com que se apelidou o movimento circular que o seu hóquei apresentava então. Mas este movimento, que tardou, é próprio da modalidade e urge torná-lo universal. É, em suma, uma etapa mais elevada da circulação colectiva e faz parte do Hóquei Táctico. Qualquer desvio ou abandono desse movimento será uma estagnação ou retrocesso.

Um Sistema Táctico Colectivo Universal pode ser construído mas a sua implementação não é tarefa para uma só pessoa. Requer o envolvimento de todos os agentes desportivos e um nível de organização mais elevado. Requer também uma mobilização de recursos e uma nova forma de estar no desporto, adaptado à dinâmica dos tempos actuais. Requer cativar investimentos privados (com respectivo retorno financeiro) para projectos de construção de Pavilhões com pistas “exclusivamente” dedicadas às disciplinas de Hóquei em Patins, Patinagem Artística e Corridas em Patins.

Até hoje, a modalidade tem vivido de equipamentos autárquicos que são de todos e não são de ninguém (refiro-me ao universo) e que foram apropriados por carolas que os transformaram em feudos pessoais sob a distante supervisão burocrática duma Instituição de topo, hoje melhor apetrechada de recursos humanos, cujo objectivo, a nível nacional, é o aumento do número de clubes e atletas, a formação de treinadores e outros. Não conheço uma investigação séria e apropriada da sua modalidade rainha, o Hóquei em Patins, cuja sabedoria ainda permanece fechada em cofres, como se de segredos dos deuses se tratasse.

A nível Internacional, continuam a mexer nas regras, numa obsessão doentia dos últimos quadriénios, com participantes desconhecidos e aprovações nas antípodas, transformando o Livro de Regras numa espécie de volume do Código Penal. Ao invés de facilitar, complicam…

Enfim, o” Carrossel” é uma teoria que pode estar errada, mas tal como se considerou durante séculos o planeta Terra como centro do Universo, é sempre preferível termos uma que se possa desmontar… que nenhuma.

A sua aplicação prática e generalizada é uma tarefa a médio e longo prazo, que requer mudanças radicais do modo como encaramos o Desporto. Temo, na realidade, que este meu desbafo não passe duma utopia.

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