Diogo Vieira, o Di Hoquista

A nova vaga… contra-vaga…!

Fernando Rodrigues, Diogo Freitas, (o Di Hoquista) e eu.

Fernando Rodrigues, Diogo Vieira (o Di Hoquista) e eu.

Este título refere-se a um jovem guarda-redes, Diogo Vieira, que foi a causa de uma publicação no meu site, “Escultores de Guarda-redes”, em Maio de 2012, teria ele uns 9 anos e que causou um série de comentários interessantes. Ficou evidente a minha objecção pela maneira como os atletas nessa posição defendem hoje. Ora, toda essa controvérsia não ficou por aí. Há dois anos que sigo no Facebook os postings que retratam os treinos e o progresso de Diogo. O que me parecera um regresso contra maré, à posição do guarda-redes sobre tacos ou patins, posição clássica de antanho, revelou-se neste caso, um misto de um e de outro com uma tendência clara de manter um joelho no chão uma consequência inevitável dos modelos em voga.

Di e sua mãe D. Maria do Céu, num canto do restaurante.

Di e sua mãe D. Maria do Céu, num canto do restaurante.

Foi para este aspecto que chamei a atenção insistentemente. Da observação de jogos transmitidos na TV, um olhar atento dará conta que os guarda-redes não defendem, simplesmente fazem manchas, rastejando ou deitando-se na esperança que a bola bata nele. Boladas que são produto de atacantes que nem sequer olham para a baliza, isto em termos gerais, na esperança de uma chouriçada.

Posto isto, sucedeu que numa troca de mensagens com Fernando Rodrigues, combinámos um encontro num restaurante na minha vizinhança onde tive a oportunidade e prazer de conhecê-los e travar uma conversa sobre o assunto em causa que se arrastou por um par de horas. Vou procurar recordar o que de essencial foi dito:

Di sempre muito atento...

Di sempre muito atento…

Afirmei que na minha carreira de jogador e treinador, nunca tinha deparado com um guarda-redes tão jovem ou mesmo um adulto, com a capacidade atlética e nível de ginástica verdadeiramente notáveis que o Diogo demonstra para o seu grupo etário. A meu ver, o moço já chegou a um estágio em que as sessões que tem estado a ser submetido deixem de ser o que na gíria popular se diz “chover no molhado”…

A conversa continuou...

A conversa continuou…

Como guarda-redes tem uma longa caminhada pela frente, a sua performance atlética e técnica requere simplesmente um treinador inteligente que mantenha a sua forma física numa base de aquecimento geral ligeiro e uma variedade de exercícios de seticadas à baliza. Estas deverão ser feitas de todos os ângulos possíveis e pensados criativamente de modo a que o guarda-redes se desloque, como um aranhiço, sobre os patins ou tacos, de um lado para outro, mais precisamente de um poste para o oposto, bem como avançar e recuar rapidamente.

Di pensativo ou entediado com o meu jorrar de ideias...

Di pensativo ou entediado com o meu jorrar de ideias…

Mais, era minha certeza que, desse modo, a imagem do “bicho” rastejante e aberrante daria lugar a uma figura simétrica, a mover-se atacando a bola, quer avançando ou recuando, quer lateralizando-se de modo a cortar a diminuir os ângulos de golo. Seguramente que sofrerá golos mas estes serão sempre de bolas bem dirigidas e indefensáveis.

Com um setique mais curto e portanto menos pesado e uma mão enluvada que usará não só para defender como para direccionar a bola e desencadear um contra-ataque, passará a ser um elemento activo e não passivo como os que se vêem por aí, os quais, à mínima ameaça, caem para o lado, e seja o que o “Santo Ambrósio quiser”.

Entediado? Não... Expôs um setique na mesa sob o olhar de sua mãe, D. Maria do Céu.

Entediado? Não… Expôs um setique na mesa sob o olhar de sua mãe, D. Maria do Céu.

Interessante como o Diogo participava na minha análise, inquirindo e registando os bonecos que eu ia traçando no papel da mesa, com aquele ar inteligente e intrigante a absorver as sugestões produto das minhas experiências. Tanto quanto possa prever, o caminho dele será árduo e de muito trabalho.

Só espero que os conselhos que expressei não sejam tomados como uma provocação por outrem, lembrando que a uniformidade é um mal que não deve ser imposto.

Di, seu setique e eu, posando no final.

Diogo Vieira, o Di, seu setique e eu, posando no final.

Há que dar lugar à originalidade e criatividade dos atletas pois essas são as sementes que produzem os “fora-de-série”. Espero que tudo corra bem com o Diogo, quer siga ou não as ideias que expressei sobre este assunto.

Setique autografado a pedido de Di.

Setique autografado a pedido de Di com meu desejo de felicidades.

Nota: – Para quem queira ler os comentários e a controvérsia gerada, basta aceder aqui no da Cartola, aos “Escultores de Guarda-redes“.

E, para uma viagem interessante, siga o link: https://www.facebook.com/hoquista

Como nota final, esta tarde, dia 18 de Outubro de 2014, assisti à parte final do jogo de hóquei em Patins entre o Porto (6) x Valdagno (2), onde tudo quanto tenho escrito sobre os guarda-redes actuais é amplamente visível. Espojam-se pelo chão face a jogadores que atiram em força e de qualquer maneira e que correm para a frente e para trás, em alta velocidade, como uns maluquinhos, sem um pingo de inteligência nas suas acções.

De positivo, gostei de ver os cantos da pista arredondados para uns 3 metros de raio, dimensão por mim proposta em 1984, há 30 anos. Coincidentemente, foi nesse ano que a equipa que eu treinava em Monza, Itália, enfrentou o guarda-redes Cunnegatti do Valdagno e felicito-o pela sua longevidade neste difícil lugar: – aos 46 anos é obra…!

 

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2 Responses to Diogo Vieira, o Di Hoquista

  1. Fernando Rodrigues says:

    Caríssimo Velasco,

    Preza-me felicitá-lo uma vez mais, pela atenção dada ao tão criticado ou melhor pouco debatido tema pelos demais interessados na modalidade .
    É uma realidade tão notável, a qual cegos ou pouco inteligentes não vêm ou não querem entender .
    Actualmente, conforme nossa conversa vou tentando abrir caminho à tentativa de algum retorno à beleza dos Guarda-Redes do verdadeiro hóquei em patins .
    Claro, os garotos já vêm com os maus hábitos e torcem sempre o nariz às dificuldades da posição .
    Contudo, alguns ao fim de uns treinos lá vão cedendo e depois de algumas dores iniciais nas pernas essencialmente, começam a dar sinais positivos .
    A ver vamos, se há mais adeptos desta ideia, fora de Moda segundos os modernos …
    Neste momento, há um clube a tentar dar azo na iniciação aos Guarda-Redes, na qual me solicitaram colaboração .
    Como tal, estou a tentar demonstrar por A mais B, as vantagens e como exemplo vou apresentando o Di Hoquista .
    Portanto, resta-me para já fazer a minha parte com toda a dedicação e empenho, o melhor que sei e posso .
    O resto o tempo se encarregará de mostrar !…

    Cumprimentos

    FR

  2. Velasco says:

    Caro Fernando

    É uma questão de oportunidade e de persistência. Recordo que no meu site foram descritos e esquematizados vários exercícios. Estes, uma vez descodificados, poderão ser de utilidade, especialmente na procura do posicionamento correcto do GR face aos adversários que o atacam.

    Felicidades.

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