50º Campeonato da Europa 2012 – Paredes
18 de Setembro de 2012
A propósito desta prova que permanecerá na nossa memória como uma oportunidade gorada de reconquistarmos o título que nos fugia há 14 anos, lamentam-se todos que isso tenha acontecido a 6 segundos do apito final. Errado, não perdemos nessa altura!
Mas antes de justificar esta afirmação, desejo realçar que estiveram na pista duas das melhores equipas europeias, recheada de belíssimos jogadores e apoiadas por um público entusiasmado que não regateou apoio às respectivas selecções e que esteve presente no bonito pavilhão, lotando-o por completo. A meu ver, esta final foi uma das mais emocionantes que assisti nos últimos tempos, a um ritmo de hóquei em gelo, com vantagem de um lado e empates de outro e golos a criarem suspense à Hitchcock que levaram os espectadores ao rubro. Mas os jogadores de ambas equipas, bem preparados atleticamente, não deixaram que esse estado de exaltação os afectasse, jogando com determinação tudo quanto tinham para dar e qualquer das equipas poderia ter saído vencedora, a de Angola, por exemplo.
Devem estranhar esta minha ironia, mas hipoteticamente um estrangeiro poderá ter ficado deslumbrado com Angola, pois esta palavra estava bem escrita nas costas das camisolas e lia-se por todo o rinque. A nossa Federação e demais irresponsáveis (ceguetas pelos vistos), foram nisso… modernizaram, comercializaram, coisas do tempo em que vivemos. Podiam publicitar de variadas formas um produto ou um evento, com cartazes enormes nos acessos ao Pavilhão, nas avenidas, no aeroporto… mas descaracterizar a camisa que representa a Nação, com o nome de outro país, é um crime de lesa Pátria. Com a agravante de transformar os jogadores “carecas” em cartazes ambulantes que ferem os que não andam distraídos ou, pelo menos eu, que estou sempre de olhos abertos.
Carecas?… Sim, é a praxe da Selecção Nacional… quem entra rapa os cabelos. Dá para rir ou chorar? Só sei que se eu praticasse hóquei nesta era de ideias estúpidas, nunca seria seleccionado, nem teria sido Campeão do Mundo, pois recusar-me-ia a desbastar os meus lindos caracóis. Terá sido ideia do psicólogo desportivo que acompanha a Selecção? Negativo, não temos um, concluo, porque se lá está e permitiu esta praxe, devia ser despedido na hora. Outrossim, se a moda pega no futebol, estala pr’aí, não direi uma manifestação como a que assistimos no sábado passado, mas sim uma greve geral dos activos das SAD, que paralisaria o governo da Nação e punha a Troika daqui para fora. Será que tudo isto é uma intenção deliberada e maquiavélica de despersonalizar os atletas, uniformizando-os à semelhança dos soldados que só tem de obedecer e marchar? E se os generais forem uns nabos…!
Generais nabos? Sim, eles, os há…! Foi evidente (gravei o jogo) que não planearam uma solução para o caso de empate a 20/30 segundos do fim, que lhes permitisse reter a bola. Pois foi, o exército morreu na praia a 20 segundos e não a 6! Nesse preciso instante, nos tais 20 segundos e 4 décimos registados pelo comentador, foi marcada uma falta a favor dos Angolanos, junto à tabela e quase no meio da pista, mas um tropa careca, sem estratégia nenhuma, em vez de lateralizar a bola para um colega desmarcado que se encontrava no meio da pista, atirou-a para o lado do inimigo, perseguindo-a e foi então que estes roubaram o berlinde e foram como bólides colocá-lo no buraco oposto. Foi isto que eu vi suceder, por fatalidade, desobediência ou incúria, a 20,4 segundos do toque da corneta que terminaria com as hostilidades.

Carlos Saraiva numa posição atacante, pronto para usar o seu equipamento e não esperar passivamente deitado que as bolas lhe batam no corpo…
Não vale a pena chover mais no molhado, mas a água é muita e pinga por todos os lados. A ver:
– Os guarda-redes já não defendem… não “atacam” a bola como no ténis, caem para o lado, como sacos de batatas e as “fantásticas defesas” não passam de petardos que lhes batem na couraça. Aqui e ali desviam com uma luva do tamanho de uma tampa de sanita, as “chouriçadas” atiradas pelos oponentes que nem sequer olham. No geral são passivos, espojando-se no areal com mais ou menos agilidade circense. Pedro Gil, esse grande jogador que se orgulha de ter sido feito no Futebol Clube do Porto, deu um enorme exemplo de como atacar um guarda-redes. Serenamente, aguardou que ele caísse e atirou a bola por cima. Tão simples como isso!
– Os avançados, tanto os Angolanos como os nossos Hermanos, lançam-se ao ataque em pleno turbo esquecendo que a velocidade é um meio para se atingir um fim e não o fim em si próprio e que ela é inimiga da boa execução, bem como inibidora da boa sincronização dos elementos que correm atrás. É com mudanças de velocidade que se pode ultrapassar quem defende. Mas como o novo paradigma foi instalado pelos engenheiros das regras, é ver os jogadores entrarem velozmente na área para provocarem um toque obviamente inevitável, em busca declarada de uma grande penalidade. É sintomático dos que não foram ensinados a actuar em conjunto, vê-se isso no futebol também, não obstante existirem grandes estrelas no firmamento. A propósito de estrelas, devo recordar Reinaldo Ventura e os seus longos anos de intensa dedicação que o colocam numa galáxia à parte e, mesmo que já esgotado o seu oxigénio, a sua luz continuará a chegar até nós.
– Finalmente, reportando-me ao Estado da Nação, o Hóquei em Patins continua pior que estragou-se. Não é com fatos de ministro e gravata que vai lá. Repito isto pois escrevi-o num sítio da rede social Facebook em que, à guisa de provocação, fui dedilhando que achava insensato que um técnico, aparentemente a fazer um bom trabalho em Inglaterra, aceitasse trazer uma selecção aprontada à última da hora e sem treinos, expondo os seus jovens e esforçados atletas a uma forte humilhação, para gáudio da assistência. Terá sido para terem 7 países europeus e parecerem muitos? Cadê a Holanda e a Bélgica?
Ripostaram que a minha memória era curta, (aqui começou a colisão) que no meu tempo também tinha dado cabazadas. Sim, isso é verdade. Lembro-me de ter participado em três, no Mundial de 1958 contra a Dinamarca que teve o pudor de nunca mais aparecer; contra a Noruega no Europeu de 1959 que retirou-se definitivamente para as regiões geladas do Ártico; contra o Japão que desapareceu durante cerca de 4 anos até o plano de férias da Mitsubishi entrar em vigor para um novo período de férias para os filhos dos seus CEO’s. Mas a Inglaterra… que inventou o Hóquei em Patins, com um curriculum invejável de Mundiais ganhos nos primórdios da modalidade e que o introduziu no nosso Portugal de Aquém-e-Além Mar, não se sabendo bem se o primeiro jogo ocorreu em Lourenço Marques ou se na Amadora, exibições essas que deverão fazer um século este ano… sim, essa Inglaterra que após este tempo todo e apesar de um bom trabalho que lá está a ser feito, segundo teclaram e está escrito, acabar por se apresentar como se apresentou!?
O sítio do Facebook não gostou e apagou as minhas intervenções ficando com as dele. Não vou perder mais tempo a colaborar neste tipo de “coffee-chat”. Talvez não tenham gostado do facto de estar a pôr o dedo na ferida. Inclusivamente, escrevi na tal provocação, que Freud investigava os recônditos mais íntimos dos seus pacientes e que estes, ao serem persistentemente levados a reconhecerem as suas obscuras maleitas, ficavam subitamente curados… foi o que li!
Falando agora a sério, talvez fosse necessário fazer um diagnóstico profundo dos males que afectam o Hóquei em Patins, a nível Europeu e Mundial, sob a pena de um eclipse inevitável. Ou talvez eu esteja errado e que este é o hóquei do novo milénio! Reconheço que hoje temos homens qualificados para o exercício de treinador, que certas regras disciplinares reprimiram as actuações grosseiras e violentas que grassavam pelos rinques, que os árbitros, pelo menos os que vi apitar, têm estado a fazer um bom trabalho, sempre difícil nos desportos de contacto. Muito bem, com esses dados adquiridos, vou terminar com a ousadia de fazer as seguintes recomendações:
– Ponham de novo os guarda-redes iniciados a defender sobre tacos, uma vez que vai levar uma década a substituir os já irremediavelmente formatados.
– Proíbam os jogadores de levantar o aléu acima dos ombros, exercitando-os até melhorarem a precisão de seticada, injustificadamente baixíssima, quer empurrando a bola quer batendo-a.
– Os treinadores devem levar em linha de conta que todas acções e soluções de táctica colectiva terão de ser intensamente sincronizadas em exercícios adequados aos vários escalões etários de uma forma progressiva de acordo com a sua complexidade.
– E devem estudar as variações inerentes ao ataque e ao contra-ataque. No léxico militar estas situações prevalecem, lento e organizado na primeira, veloz e espontâneo na segunda, tendo em atenção que em ambas existem regras específicas a cumprir se desejarmos alcançar o óptimo em eficácia.
Apesar de ser um pessimista inveterado, relativamente a estes hoquismos todos, vejo contudo que a nossa Selecção Nacional, mesmo sem o experiente capitão Reinaldo Ventura, possui um lote de elevada craveira técnica que com mais um ano de reflexão e maturidade, vai dar cartas no futuro próximo. Desejo sinceramente que se sagrem Campeões do Mundo, pois esse é o título mais importante e apetecido cuja conquista fará esquecer o dramático desfecho na Praia das nossas ilusões.
Bem hajam.
…
Em tempo: 12/Out/20012 – Ao ter ironizado acima sobre a descaracterização dos nossos Símbolos Nacionais tal como a verificada com a camisola da nossa Selecção de Hóquei em Patins que trazia escrita nas costas o nome de um outro país, estava longe de imaginar que o vírus se tinha alastrado como uma epidemia de “encefalopatia espongiforme”. Infelizmente assim foi, andam todos como as “vacas loucas“, mesmo os responsáveis por velar pelos símbolos da Nação. Ao mais alto nível das nossas instituições aparentam um irresponsável “desprendimento” por esses valores.
Só falta que um dia destes se cante o Hino Nacional ao ritmo do “rock n’roll“…
Carissimo sr. Velasco :
Mais um belissimo artigo publicado pela sua pessoa !…
Estava na Holanda a ver esse dérbie num écran gigante, quando assisti a tal desilusão conjuntamente com muitos atletas veteranos de várias nacionalidades .
Inclusivé, estavam lá campeões portugueses ( Luis Ferreira e Rui Lopes ) …
Pois é, contra factos não há argumentos !
Realmente as novas regras também dão origem a muitas quedas simuladas, com o fim dos livres directos e das grandes penalidades, por qualquer motivo .
Agora por tudo e por nada é falta, num jogo onde é normal o contacto físico .
Enfim, onde irá parar o HÓQUEI em PATINS ??? Concerteza ao HÓQUEI no GELO por este andar, porque só falta aumentar o ringue às dimensões do mesmo .
Visto que os cantos vão ser iguais em total curvatura !!!
Faço votos apareça alguém,com uma luz de realidade e bom senso para bem da modalidade .
Um bem haja,
FR
Permitam-me aqui abrir este “guardanapo”:
O facto da Selecção Nacional de Hóquei em Patins se ter sagrado Vice-Campeã da Europa, após derrota tangencial frente à sempre poderosa equipa nacional espanhola, é certamente esforço e realização de mérito e de louvor. Há, porém, ainda a considerar um outro facto: a “equipa das quinas” é aquela que maior tradição e capacidade reune para à sempre poderosa equipa da vizinha Espanha poder arrebatar o título europeu e mundial. Contas antigas e de uma certa continuidade.
O que faz com que se espere sempre melhor que o título de vice-campeão, por haver essa potencialidade e capacidade. Portugal tem e sempre teve, como a própria Espanha, exímios jogadores da modalidade. Tratar-se-á também de factores como “uma certa dose de sorte”, táctica de jogo mais ou menos adequada, etc. Faz parte.
Caberá, acho eu, a jogadores da estirpe e experiência do Francisco Velasco e de outros da mais alta craveira a que ele também se guindou poderem, quer analisar, quer avançar com propostas sobre “nuances” de tácticas, apuramento de finalização, ou até a de uma revisão do figurino adoptado pela modalidade.
Ou seja… ainda acerca deste quinquagésimo (50º) Campeonato Europeu de Hóquei em Patins. Será que o próprio Hóquei não requer revisão? Isto é, será que da mesma forma que (há uns largos anos) quem quer que de direito ao ter decidido dar ao Hóquei em Patins um novo figurino se não veja agora na hora de rever os resultados práticos dessa revisão para avaliar se houve melhoramentos a manter e particularidades descartadas (do figurino anterior) que melhor seria fazê-las regressar à prática do Hóquei em Patins?
As dimensões das balizas foram aumentadas e a actuação do guarda-redes passou a ser radicalmente outra (muito aparte outras “nuances” relativas às regras do jogo). O guardião passa a poder rebolar no piso do recinto. O seu posicionamento “em compasso de espera”é agora um de joelho “em terra”. As próprias “caneleiras”do guarda-redes tornaram-se em autênticas “tábuas de engomar”, duas pranchas lisas convidando aquele a manter-se de “joelho no piso do rinque”, permanecendo em posição de desguardo de grande parte do seu corpo . Uma posição que limita a sua própria mobilidade. Nem sobre patins que possam deslizar se encontra. Longe vai a elegância e poder atlético de um guarda-redes (de “caneleiras”arredondadas) que em vôo defendêsse uma bola de forte “sticada”para “aterrar”sobre os patins sem cometer falta que causasse a marcação de uma grande penalidade (colocar a “ mão no chão” para se reequilibrar). O que requeria intenso treino sobre patins para reforço muscular, de reflexos e reposição do equilíbrio, em qualquer situação de movimentação mais rápida.[Vejam a defesa “em vôo” de Alberto Moreira, na fotografia em anexo, no artigo da autoria do Francisco Velasco].
A actuação de um guarda-redes desse nível fazia sempre parte do espectáculo. Portugal sempre teve excelentes guarda-redes, algo que serve de exemplo e referência.Da mesma forma que Portugal sempre teve jogadores de fino recorte tecnicista. Jogadores de apurada técnica de finta e de remate colocado a fazer a bola entrar em autênticas “nêsgas”da baliza contrária.
Ao fim e ao cabo parece ter havido, com a instauração do “novo” figurino do Hóquei em Patins, a preferência de uma linearidade de certa forma contra-producente. Balizas de maiores dimensões, a reconfigurar a actuação do guarda-redes (terá sido a melhor escolha?), um jogo rápido (muito anglófilo, de “bola para a frente”) a custo de um jogo de “tiqui-táqui” rendilhado, de passes acertados, quer curtos, quer em profundidade (com “conta, peso e medida”), como o FC Barcelona sabe praticar com excelência no futebol. Saber passar, reter e cobrir a bola sempre fez ainda parte de técnica e treino apurado de qualquer disciplina desportiva. Tudo circunscrito a tácticas adequadas ao momento e ao adversário, claro está. Isto, sem o mínimo desprimor para quem pratica o Hóquei em Patins, segundo o “novo” e actual figurino. Esse é que deveria ser colocado sob a lupa.
Será esta a altura certa para que quem de direito assim o faça? A fim de se analisar o que tenha sido descartado (do figurino anterior) que possa ou deva ser reposto e o que do novo, que tenha passado assim a ser prática corrente, possa ou deva ser mantido? Ou até… ideias novas! Tudo em prol da prática de uma modalidade que possa ser divulgada e revigorada num leque de maior abrangência nacional e internacional, reunindo o requinte da excelência em concomitância com um maior número de praticantes, que se reguinde ao patamar olímpico.
Sem que a experiência do “novo figurino” do Hóquei em Patins se tenha tratado necessariamente de retumbante fracasso, reportamo-nos mesmo assim ao “calo” de um entrepreneur do mundo empresarial que mantém, dizendo: analiso como mais cuidado a experiência dos meus fracassos, daquela dos meus grandes sucessos!
Subescrevo-me atenciosamente,
Daniel Muralha
Chico, cá me tens de novo é para corrigires um lapso que tens nos comentários ao último jogo, onde dizes Angolanos não quererias dizer Portugueses?
Um abraço
Não, Caro Saraiva, foi de propósito, uma ironia ao facto de as camisolas nacionais terem escrito nas costas Angola…! Acho isso uma abencerragem… Abraço.
Chico
Tens toda a razão, não tinha reparado no pormenor das camisolas, mas será que F.P.P. achou graça à tua ironia?
Um abraço
Saraiva
Hi, Saraiva
Olha que não sei se acharam piada ou não. Mas o que é um facto é que, no meu site, tenho sido muito crítico dos vários agentes da nossa modalidade e nenhum veio a terreiro defender a sua dama. Têm espaço e liberdade em cada uma das minhas páginas, tal como tu tiveste ao entrares nos Comentários. Mas como não há contraditório, posso assumir o velho refrão: – “Quem cala consente…!”
Um abraço
Olá Francisco Velasco
Só hoje ( por impomderáveis próprios da idade ) li os seus comentários sobre o jogo que decidia o titulo do ultimo Campeonato da Europa e que subscrevo em 99%, aparentemente houve falta de comando ! aparentemente… porque lá dentro as coisas podem ser vistas de outro angulo. Os Angolanos como ironicamente disse poderiam ser qualquer coisa… pois até no sitio onde habitualmente estava o escudo nacional aparecem agora dois ou três bonecos … sinais dos tempos …
Caro Albano Silva
Em primeiro lugar um abraço. São como diz os sinais dos tempos… e com eles o desrespeito pelo que é a nossa identidade nacional. De facto lá dentro, quer como espectador quer como treinador as coisas podem ser vistas de ângulos diferentes, porque as incidências de jogo são aleatórias. No entanto, muitas delas são repetitivas, podem ser previstas e devem ser treinadas, tais como o que fazer no caso de estarmos de posse de bola nos últimos instantes de uma partida, sem ser necessário nenhum comando.
Outrossim, não vejo que haja desculpa para as camisolas da Selecção Nacional trazerem nas costas o nome de outro país e, muito menos, como também reparou, dois ou três bonecos onde residia o nosso escudo. Sinais dos tempos…? Não, eu diria, sinais de estupidez e de mediocridade…
Encontrei por acaso este seu site. Devo mesmo andar distraido pois até guardo religiosamente o meu primeiro livro de Hoquei com taticas e exercicios que muitos efetuei e ainda uso nos treinos de Hoquei e que é da sua autoria e nunca fiz uma pesquisa pelo seu nome.
Procurava artigos sobre Hoquei em Patins o que faço de quando em vez na tentativa de melhorar conhecimentos e quiça descobrir novos conceitos da modalidade à qual estou ligado há 44 anos passando sempre por clubes modestos mas onde tive o prazer de jogar com alguns atletas que se sagraram campeões da europa e do mundo o que fez sempre crescer dentro de mim a paixão pela modalidade. E de entre essa “parceria” contam-se dois guarda redes que realmente dava gosto ver defender (não me lembro dos guarda redes que acima refere mas as diferenças não devem existir ou não serão muitas) e atacar as bolas deslizando em rodas para a frente opondo-se às sticadas e novamente regressando à baliza a patinar de cocaras. Muitas vezes mesmo nem precisava de me fazer às sticadas pois els eram os próprios a dizer que a bola era deles e saiam da baliza para as defender. Sou treinador de seniores há cerca de 10 anos e insisto sempre com os meus guarda-redes para atacarem a bola, dado a minha experiência enquanto jovem, mas reconheço a sua incapacidade para o fazer pois defendem deitados ou de perna no chão como acima refere e muito bem. E também nos clubes por onde passei me senti impotente para mudar essa filosofia a nivel de camadas jovens pois na baliza fica normalmente quem não sabe patinar ou patina mal (coisa mais “arcaica”) e chega-se ao ponto de colocar os miudos na baliza com a perna no chão e dizer-se para não se mexerem. Crescem com isto. E quando forçamos essa situação dão os maus exemplos dos guarda-redes de seniores que vêm todas as semanas a jogar. Enfim.
Foi uma pequena nota sobre os guarda-redes pois achei curiosa a sua observação sobre o assunto e a ligação ao golo do Pedro Gil que claramente não teria entrado se o guarda-redes atacasse a bola, como eu até já teria referido aos meus atletas que até estiveram presentes no pavilhão.
Serei seu seguidor neste site que já guardei nos favoritos tal como ao livro que escreveu….
Obrigado
Caro Fernando Jorge
Sinto-me bastante lisonjeado pelo seu comentário, tendo em vista o facto de ter usado como referência o pequeno livro que escrevi em tempos… Folgo saber que também é estudioso e que busca melhorar os seus conhecimentos, coisa que nunca termina pois ser Treinador pleno, exige estudo, ou pelo menos compreensão, da especificidade das suas diversas disciplinas.
Para isso há técnicos adequados, preparadores físicos, psicólogos, médicos, enfermeiros, massagistas, enfim, toda uma gama de suporte do Treinador, que se preparam durante anos nas respectivas academias. Agora, no que diz respeito à prática concreta do Hóquei em Patins, suas técnicas, tácticas individuais e colectivas, não há “segredo dos deuses”, esses aspectos foram atingidos em toda a sua plenitude na minha geração, e repetem-se ad infinitum, pois não há outra maneira de se jogar hóquei.
São, como escrevi no meu livro, as tais “situações repetitivas“. Apesar da mudança das regras de jogo, elas permanecem. Só que hoje, o novo paradigma, força os jogadores a andar a todo o gás, como maluquinhos, para a frente e para trás, sem se aperceberem que não têm tempo para pensar quanto mais para sincronizar acções. É um hóquei burro, por vezes excitante pela velocidade e golfadas sonoras que produz, mas muito pobre de inteligência, o que não abona nada os seus mentores.
Quanto aos guarda-redes nada nas regras obriga-os a assumirem a posição que lhes é imposta hoje. Vejo bem as dificuldades em alterar esse rumo de coisas, pois o modelo já está instituído. Mas não há razão para não se persistir em quebrar essa estupidez e voltar ao posicionamento sobre patins e tacos. Trata-se de Hóquei em Patins…!
Quanto às fotos, já as tinha publicado noutro artigo, para visualizar as duas posições que podem ser assumidas. A primeira é do Trullols, um dos mais famosos guarda-redes espanhóis, a segunda de um incógnito. A terceira e quinta é de Carlos Saraiva, que fazia parte do plantel do Oeiras, de que fui treinador. A quarta foto é do meu companheiro, Alberto Moreira, um dos melhores de sempre, cujo extenso curriculum de títulos conquistados é sobejamente reconhecido.
Quero esclarecer que o meu Site só cobre os atletas com quem convivi e que enfrentei. Daí que não hajam referências a outros grandes guarda-redes, tais como, o inigualável Ramalhete, o Domingos, o Franklim, o Chambel e outros tantos de gerações posteriores.
Espero que se entretenha com o buraco sem fundo, que são as minhas lembranças do caminho que percorri, até hoje. Creia-me sempre ao seu dispor.