Os Radialistas, esses Medalhas de Ouro

Daniel Muralha

Estas recordações de Daniel Muralha, em pormenor, vêm não só colmatar um período interessante da história do Desporto em África que seria uma lástima não ser registado, como também a dedicação e o profissionalismo dos Homens da Rádio que de modo criativo, recorriam a meios originais e audaciosos para a época, a fim de levar aos seus ouvintes as emoções resultantes das provas e jogos que se disputavam. Graças a eles, o entusiasmo era mantido vivo pelas modalidades desportivas e, em especial o Hóquei em Patins do Moçambique de outrora, por força dos títulos Mundiais que conquistara durante um década surpreendente. Triangulações radiofónicas…! E eu que pensava que elas só existiam na topografia!  

Em 1974, Portugal não vencia um Campeonato Mundial de Hóquei em Patins havia seis anos. As edições de ‘70 e ‘72 tinham sido ganhas pela Espanha. Quem de direito decidira dar a África o seu primeiro Mundial da modalidade: em Angola. As manifestações ali surgidas em clima pré-independência, porém, acabaram por fazer com que as autoridades mundiais (o Comité Internacional de Hóquei em Patins – CIRH) decidissem que o torneio tivesse lugar, ao invés, em Lisboa. Angola, segundo agora fica agendado, organizará o Campeonato Mundial de 2013.

Selecção de Lourenço Marques, com Amália Rodrigues, após a partida em que vencemos a Espanha, campeã da Europa por 5 a 1. Da esq., de pé: – Enfº Bravo, Armando Silva, Fernando Adrião, Francisco Velasco, Amália Rodrigues, Armando Lima de Abreu (Sel.), José Souto e Manuel Carrelo. Agachados: – Alfredo Bettencourt, Alberto Moreira e Amadeu Bouçós.

Em Moçambique, em particular em Lourenço Marques (hoje Maputo), vivia-se nesses dias de 1974 um clima de uma certa expectativa, pois ainda não distantes ficavam os dias de glória em que a selecção nacional portuguesa do hóquei patinado, campeã mundial, integrava quatro (4) jogadores mocambicanos, ao alinhar com: Alberto Moreira na baliza, José Vaz Guedes (do Campo de Ourique, em Lisboa), Fernando Adrião, a médio, Francisco Velasco e Amadeu Bouçós “lá à frente”…. (os números 4 e 5 da “equipa das quinas”). De facto, em 1974 tratar-se-ia da última participação de um deles, Fernando Adrião, num Campeonato Mundial da modalidade.

Pavilhão dos Desportos – Selecção de Lourenço Marques (5) x Sport Lisboa e Benfica (1). Da esq., agachados: – Fernando Adrião, Abílio Moreira, Amadeu Bouçós, Romão Duarte, Alberto Moreira, Eduardo Passos Viana, Vitor Rodrigues, António Souto, Francisco Velasco e Manuel Carrelo.

Em Joanesburgo, na África do Sul, eu próprio, na qualidade de correspondente e colaborador das “Produções 1.001”de Lourenço Marques  – (“Há 1.000 maneiras de se fazer publicidade – nós temos a sua!”) que agregava desde programas radiofónicos de todo o género, com também especial incidência para o desporto, à realização de espectáculos públicos (e assim foram “descobertas”duas das hoje reconhecidas vozes do panorama artístico português : Lara e Alexandra), discografia e publicidade impressa – recebi um telefonema de Fernando Ferreira, o “timoneiro”da equipa da “1.001”(termo apropriado à sua preferida prática da Vela) para que eu tentasse estabelecer contacto com Francisco Velasco, o qual desempenhava as suas funções profissionais, havia vários anos, na África do Sul.

Retrato de José Vaz Guedes

O intuito era saber se haveria a possibilidade de ele fazer parte de uma triangulação coligando por via telefónica Joanesburgo a Lourenço Marques (aos estúdios da “1.001”) e também Lisboa (na noite da finalíssima desse Campeonato Mundial de Hóquei em Patins) donde se faria o relato em directo e onde se tentaria contactar José Vaz Guedes. Havia ainda a possibilidade (depois gorada por dificuldades de ordem técnica – longe estava ainda a Era dos telemóveis e de satélites de comunicação “polvilhando” a órbita terrestre) de se contactar e contar com o contributo do grande médio da selecção nacional portuguesa de Hóquei em Patins que fora Fernando Cruzeiro, campeão mundial de uma geração anterior, que se encontraria então a viver em Angola.

O Clinton que o Daniel Muralha encontrou.

Para de certa forma resumir a tentativa de encontro com Francisco Velasco, basta adiantar que foi no princípio de uma noite que cheguei à sua residência no subúrbio de Emmarentia, em Joanesburgo. Para ali travar conhecimento pessoal com o próprio,  com a sua esbelta e simpática mulher Vivienne e o vivaço e irrequieto filho do casal dos seus dois-três anitos de idade, de sua graça Cláudio, mais conhecido ainda por Clinton. Hoje, homem feito, formado e exímio exponente da Informática.

A conversa com o Chico, como todos o conhecem, ao focar a modalidade a que sempre se entregou com espírito analítico e em busca da excelência na sua execução, a do Hoquéi em Patins, tivera por início um esboço de entrevista depois do jantar, para terminar por volta das seis (6) da manhã, com a azáfama da família em torno do trabalho a que se tinham de entregar e nós os dois a pensar como haveria ainda tanto a dizer sobre o Hóquei em Patins !?

Selecção Nacional, vencedora da Taça Latina. Da esq., de pé: – José Vaz Guedes, Carlos Bernardino, Fernando Adrião, Francisco Velasco. Agachados: – Domingos Perdigão, Alberto Moreira, António Matos e Amadeu Bouçós.

Há que dar um salto em frente de linearidade temporal para chegarmos à noite em que Francisco Velasco se disponibilizou em pleno para o contacto telefónico com os estúdios das “Produções 1.001” em Lourenço Marques, a ser feito no meu apartamento, onde eu tinha um mini-estúdio para os trabalhos que mantinha  com a dita produtora. Diz-me, então o Chico: “Soube que o Amadeu (Bouçós) está cá de visita, num hotel algures na Baixa!” Era bom demais. Conseguir que o Velasco e o Bouçós estivessem juntos, em directo de Joanesburgo, a acompanharem o relato de Lisboa e a transmissão radiofónica em paralelo a partir dos estúdios das “Produções 1.001”em Lourenço Marques, onde também se tentava levar o Alberto Moreira e outros, como o Abílio, o Romão Duarte e se possível outros conhecidos hoquistas ainda?!

Havia que descobrir qual o hotel em que Bouçós se encontrava e o tempo escasseava. Por exclusão de partes, mais tarde, houve finalmente uma tentativa num dos hotéis da Baixa de Joanesburgo e… BINGO! Lá se encontrava o nosso homem, que ao saber o que se pretendia passou simpaticamente a fazer companhia a Velasco numa secretária com dois telefones, algures no subúrbio de Braamfontein em Joanesburgo, para ficarem em contacto directo com os referidos estúdios laurentinos – “no ar” UMA HORA ANTES de ser iniciada a transmissão concumitante do relato a partir de Lisboa da finalíssima desse Campeonato Mundial de Hóquei em Patins de 1974.

Selecção Nacional de Espanha, 1958. – Da esq., de pé: – (?), Gallen, Parella, Don Platon, Orpinell e Boronat, (?). Agachados: – Puigbó, Zabalia, Largo e Roca

Julgo que para gáudio de todos aqueles que eram admiradores, como eu próprio, tanto da modalidade como dos jogadores da acima mencionada equipa nacional portuguesa. Atletas de apuradíssimo tecnicismo que levaram o hóquei moçambicano e português à craveira mais elevada, numa altura em que Espanha passeava, autenticamente, jogadores de classe indiscutível, como os guarda-redes Zabalia e Largo, e outros como Orpinell, Boronat e Puigbò, para mencionar por defeito apenas estes. Os praticantes da modalidade dos fins dos anos ‘50, todavia, sabiam de certo quem todos eram. Tratava-se na altura dos melhores do mundo, a equipa do Barcelona era espectacular e sem rivais. Até se deslocar a Moçambique e… ser derrotada copiosamente (5-1) por ilustre desconhecida (nos patamares superiores da modalidade na Europa) equipa lourenço-marquina integrando os “craques” a que nos referimos.

Recordo-me mais vivamente das impressões travadas entre Velasco e Bouçós, nessa noite, que serviram certamente de “condimento especial” para a camada ouvinte antes do início da grande final desse campeonato mundial, daquilo que ouvi num receptor (ao tentar seguir a mesma transmissão “à distância” para que o sinal não interferisse em feedback com a chamada telefónica). Contacto telefónico que deve ter tido uma duração de pelo menos duas horas, em directo com os estúdios em Lourenço Marques, uma vez que depois do relato do jogo havia comentários a serem tecidos.

Bouçós ao ataque comigo à ilharga e Mário Lopes expectante, no Pavilhão dos Desportos de Lisboa, em que a Selecção de Lourenço Marques, derrotou o Sport Lisboa e Benfica por 5 a 1.

Lembro-me assim da esfusiante descrição de Bouçós retratando uma jogada em grande velocidade num encontro entre as equipas de Portugal e de Espanha, envolvendo o próprio pela ala esquerda ameaçando o remate em ângulo (e se Bouçós tinha possante remate!) com o guarda-redes contrário cobrindo o poste do lado direito, para em seguida Bouçós contornar a baliza pela parte de trás (o guardião espanhol saltando em vôo para cobrir o poste do lado contrário) com Velasco acorrendo pela direita e Adrião, mais atrasado, no centro… em que a “vítima”, o eclético guarda-redes que foi Zabalia, ficou por saber como o esférico entrou na sua baliza. Bouçós lançara a bola a Velasco, este fez a finta de corpo de que ia passá-la a Adrião, que em velocidade se dirigia à baliza em pleno centro do rink (com  Zabalia saltando para o meio da baliza, ao aguardar agora o “tiro”de Adrião) para, acto contínuo, Velasco “picar” a bola com a ponta curvada do stick, deixá-la deslizar sobre este para a outra ponta (onde já não estava a luva direita) e à meia-volta, de costas, em toque de alavanca a meia altura com o punho do stick, fazê-la entrar no espaço apenas deixado em descoberto pela rotação do guarda-redes espanhol do poste esquerdo para o centro da baliza! O que fez levantar o estupefacto público…

Francisco Velasco a convergir para recarga face à seticada de Bouçós, no jogo em que o Sport Lisboa e Benfica foi derrotado pela Selecção de Lourenço Marques por 5 a 1. No dia seguinte vencíamos a Selecção de Lisboa por 7 a 1, consolidando a nossa supremacia sobre o hóquei Metropolitano.

Tais movimentos do guarda-redes também requeríam muita prática e perícia, nesses tempos em que este não podía colocar minimamente a mão no piso do rink… como apoio, por assim cometer falta causando a marcação de uma grande penalidade. Todos estes movimentos de reflexo eram feitos em autêntico vôo que os melhores (como Alberto Moreira, na baliza portuguesa) sabíam fazer “aterrando” só sobre os patins. A dificuldade da movimentação do guarda-redes na baliza, nesses mesmos tempos de menores dimensões, emprestava uma certa elegância à sua actuação. Era espectacular ver-se Alberto Moreira, Zabalia ou Largo, só para exemplo, defenderem uma bola em vôo sem minimamente causarem a tal marcação de grande penalidade.

Moreira em acção, em Montreux

Assim como era espectacular a técnica de qualquer jogador que pela finta ou por remate certeiro fazia o esférico entrar na baliza pelo mais ínfimo dos espaços entre o guarda-redes, os postes, e a trave. Ao fim e ao cabo aumentaram-se as balizas, pelo que se me afigura para fazer engrandecer o espectáculo (com mais golos), quando na sua média os golos registados antes dessa “nova modalidade” do Hóquei em Patins não devem ter sido de menor monta daqueles desde então marcados. Ver o guarda-redes rebolar no piso do recinto de patinagem agora será, de certa forma, sem querer minimizar a classe dos guarda-redes de balizas maiores, de fazer levantar o sobrôlho de qualquer desses grandes guardiões do passado.

Não havia câmeras de televisão com a definição de imagem dos nossos dias (a côres e com o pormenor das repetições em slow motion!) nesses anos finais da década de ‘50 – até pouco haveria na televisão a preto e branco, nos princípios dos anos ‘60. Imagens que assim registassem para a posteridade o requinte do Hóquei em Patins praticado pelas duas equipas, a portuguesa e a espanhola, desses dias de há mais de meio século. Aqui e ali terão ficado alguns registos televisivos e de filmes de oito (8) milímetros.

A erguer a Taça do Mundial de 1960, em Madrid.

Foi uma autêntica Festa do Hóquei, essa noite de 1974, para todos nós que apreciámos a vitória da “equipa das quinas” nessa final, como apreciávamos a excelência do fino recorte técnico dos referidos jogadores moçambicanos que, entre outras façanhas, ao darem a Portugal um campeonato do mundo da modalidade em 1960 (sem esquecermos o capitão da equipa portuguesa da altura, José Vaz Guedes, integrado na defesa) fizeram-no com uma final ganha pela “equipa das quinas” pela primeira vez em Espanha. Onde o imenso público só podia “torcer” pela outra equipa finalista, a sempre fortíssima selecção espanhola.  Já que por volta de meados da década dos anos ‘50 a Espanha possuía sem dúvida, principalmente em Barcelona, o esteio do que melhor havia em termos colectivos no hóquei patinado mundial. Sem o menor desprestígio para jogadores portugueses de anos anteriores e até da mesma época, que também foram campeões, como Emídio Pinto, António Matos, Edgar, Raio, Fernando Cruzeiro, os primos Correia (Jesus Correia e Correia dos Santos), Perdigão e Lisboa, entre tantos outros – também reconhecidos “monstros sagrados” da modalidade.

Selecção de Moçambique em representação de Portugal, no Torneio de Montreux, que venceu. Da esq., de pé: – António Souto, Abílio Moreira, Francisco Velasco, Fernando Adrião, Amadeu Bouçós e Manuel Carrelo. Agachados: – Vasco Romão Duarte, Eduardo Passos Viana, Alberto Moreira e Victor Rodrigues.

Bem, até surgirem na Suíça em 1958 (quando se realizou o Torneio de Montreux, ou Taça Lusitânia), descontraídos, sem pretensões (e de certa forma perguntando-se a si próprios se a façanha conseguida contra a equipa do Barcelona em Lourenço Marques era repetível), cinco moçambicanos (os quatro já mencionados e António Souto à defesa), que se sagraram vencedores, na final, da medalhada equipa nacional espanhola (cujo núcleo era, como já referido, o da equipa de Barcelona). Selecção nacional portuguesa que também registou avolumados resultados. O melhor marcador do torneio de sete partidas foi Francisco Velasco (15), por muito pouco superando o total de golos também marcados por Amadeu Bouçós (11), seguidos de Fernando Adrião (8), Victor Rodrigues (4), António Souto, Manuel Carrelo e o Inglês Ross na própria baliza, cada um com (1) .

Segundos depois de soar o apito final, sou abraçado por Virgílio e Carlos Bernardino, vendo-se em segundo plano Adrião a caminhar para um abraço de Rui Faria. O resultado foi 3 a 1 para as nossas cores. Esta foto foi tirada de um poster enorme que possuo em casa, pelo meu filho Alexandre (Alex) Velasco.

O hóquei moçambicano estava no mapa. Havia afinal prática hoquista, agora de renome, nos confins africanos. O hóquei em patins mundial redimensionava-se.

Só podia, aqui, manifestar o meu aprêço e gratidão a Francisco Velasco, Amadeu Bouçós e a todos os que acorreram aos estúdios da “1.001” nessa noite de 1974 (sem esquecer a equipa radiofónica liderada por Fernando Ferreira) pela sua disponibilidade e camaradagem, pelo entusiasmo com que se prontificaram a fazerem parte “da malta” nos estúdios em Lourenço Marques (pena foi Luanda não ter podido ficar “em linha”) e Lisboa. A nada menos, nada mais, de 38 anos de distância.

Pelo mesmo diapasão, tento desta forma corresponder à solicitação de Francisco Velasco para que eu tentasse retratar o que naqueles dias ocorreu, tanto em Joanesburgo como em Lourenço Marques, espero que (mesmo correndo o risco de me repetir) para agrado de quem viveu tais momentos e deles se possa recordar; memória agora complementada por este “pequeno recheio”.

Diga-se de passagem que nunca houvera, nem jamais houve de novo, a transmissão de um relato radiofónico de Hóquei em Patins em Moçambique contando com a participação de tantos campeões do mundo – “prata da casa”. Carolice das “ Produções 1.001” e dos mencionados participantes.

Desde então e no decorrer de tantos anos tenho tido a grata oportunidade de me reencontrar com o casal Velasco. Com Bouçós estive unicamente depois, já lá vão mais de vinte (20) anos, na sua Agência de Viagens na Rua Alexandre  Herculano em Lisboa. Onde acompanhei o Toninho Rodrigues (outro dessa “geração de ouro” do Hóquei em Patins de Lourenço Marques) quando este o ía visitar.

Almoço da malta do SNECI: – Bouçós e Velasco a serem fotografados pelo filho, Jorge Bouçós, sob a vigilância de Serafim que encobre o Toninho. Em plano afastado, da esq., Artur Vicente e Viriato da Silveira.

Há dias, porém, um “almoço do SNECI dos hoquistas moçambicanos” em Lisboa ofereceu-me o ensejo de rever de novo Velasco, Bouçós e um dos filhos deste (que também foi praticante da mesma modalidade desportiva). Assim como tive o prazer de rever Toninho Rodrigues, José Souto, Artur Vicente e outros que ali se reuniram para relembrar velhos tempos. Infelizmente, tanto Fernando Adrião como António Souto já não se encontram entre nós.

Almoço do SNECI. Manuel Figueiredo à frente, Bouçós, Serafim e Velasco, no meio. E atrás, da esq., Arlindo Vicente, Orlando Soares e Artur Vicente.

Para mim no mesmo almoço faltava Alberto Moreira, que nunca tive o ensejo de conhecer pessoalmente e de quem eu era fã incondicional. Por ter sempre apreciado o talento, agilidade, reflexos que requeriam apurado e aturado treino, do excelente guardião de Hóquei em Patins que Alberto Moreira foi, começando por tempos em que se jogava sem máscara. Quando se corria o risco de séria lesão, como a perda dos sentidos ou dos dentes (causada por embate “em cheio” de uma bolada de potente remate), sendo o último o caso de outro excelente guardião português que foi António Matos, do Paço de Arcos, a também equipa-campeã integrando os primos Correia. Tanto quanto eu saiba, para relembrar ainda outra faceta do Hóquei em Patins Português desses anos ‘50, o nome de Correia dos Santos é aquele que ainda hoje em dia chama a si o maior número de golos marcados pela “equipa das quinas”.

Almoço do SNECI: – Amadeu Bouçós e Francisco Velasco

A propósito disso, gostaria de ver publicados dados estatísticos não unicamente relativos ao total de golos marcados, por este ou aquele jogador da selecção nacional portuguesa de épocas diferentes, mas sim da ordem do índice de golos marcados em função do número desses jogos pelos mesmos jogadores, ou em função do total de minutos jogados. Daria para se avaliar o grau de eficácia e rendimento de todos os jogadores que marcaram golos pela selecção nacional portuguesa de Hóquei em Patins, em tabela preparada para esse efeito. Tanto dos tempos em que a baliza era de menores dimensões, como quando a mesma passou a maiores dimensões. O mesmo poder-se-ia dizer no respeitante a golos sofridos pelos guarda-redes das diferentes épocas, reflectindo não só a sua actuação como também a da defesa.

Selecção da Beira (5) x Paço d’ Arcos (3). Vitória renhida contra o Campeão Nacional. Da esq.: – António (Tó) Candeias, Eduardo Moreira, Frederico, Francisco Velasco, Joaquim Miguel, Manuel Dias, (?), Manuel Carvalho e António Luís Nunes Assunção.

Nesse almoço, a 38 anos de distância,  ouvi falar de muita coisa desses tempos áureos do Hóquei em Patins lourenço-marquino e moçambicano  –  lembremo-nos também que na altura a que nos referimos, pela Cidade da Beira, tinham passeado a sua classe outros excelentes praticantes, como o guardião Manuel Carvalho, o Eduardo Moreira, o António Assunção, os famosos dribblers que foram Vasco Velez e António Candeias, e o extraordinário Joaquim Miguel, ex-campeão do Mundo, lembrando-me assim e apenas de alguns nomes mais sonantes.

Entre tantas coisas que ouvi entre garfadas e a galhofa naquele repasto, Bouçós mencionava que cedo iria celebrar os seus 47 anos de matrimónio (e assim prestes chegará, como todos o desejamos, às suas  “Bodas de Ouro”). Olhando em redor notei que estamos todos de cabelos brancos. Não percebo bem porquê, quando o Campeonato Mundial de Hóquei em Patins de 1974 (cujo relato radiofónico oferecido pelas “Produções  1.001”em Lourenço Marques, em Moçambique, em triangulação com Joanesburgo, na África do Sul, e Lisboa, em Portugal, deu origem a todo este “relambório”) parece ter ocorrido ontem. Bom… digamos que anteontem.

Efusivas saudações, Daniel Muralha

Lisboa, Julho-Agosto de 2012

Nota: Brevemente, será produzida neste Site uma nova categoria dedicada aos almoços do SNECI, incluindo este último com Daniel Muralha, com fotos (bonitas, claro!) de todos quantos lá conviveram… e são muitos! 

 

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2 Responses to Os Radialistas, esses Medalhas de Ouro

  1. Luis Coentro says:

    Olá Sr Velasco,

    Eu sou Luis Coentro, filho do Coentro, que foi seccionista do hóquei na União Portuguesa de Johannesburg na altura que o sr Velasco era treinador da Associação Desportiva (?) de Johannesburg. O meu pai já me tem falado de si e gostaria muito de falar consigo. O meu pai tem uma doença crónica grave neste momento. Anda a fazer tratamento no IPO de Lisboa. Eu próprio cheguei a conhecer o sr Velasco pessoalmente e cheguei a ir ao seu estúdio em Linda a Velha por causa de uns trabalhos gráficos e acompanhado pelo filho do Fernando Adrião, o Alexandre Adrião (perdi o contato dele). Um abraço. Luis Coentro

  2. Velasco says:

    Olá, Luis

    Lamento o estado de saúde do teu Pai. Terei muito gosto de manter contacto convosco e será talvez mais adequado correspondermos via o meu Email chico.velasco@gmail.com. Será um modo de recordar as circunstâncias da visita ao meu Estúdio com o Alexandre Adrião, pois infelizmente já não me recordo. Terei muito gosto em falar com o seu Pai e assim faremos logo que definirmos como. Telefone, Skype ou qualquer outro método.

    Um abraço.

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