Estreia

A equipa final – Da esq. de pé: Alfredo Rodrigues, Francisco Velasco, Jorge Carreno, Eduardo Moreira. Agachados: Armando Braz, Celso Rodrigues, Manuel Dias e António Assunção
Acabado de regressar da digressão do SNECI a Portugal, tendo ido trabalhar para a fábrica da Lusalite no Dondo, integrei-me na sua equipa de hóquei em patins e foi com naturalidade que recorreram à fama que me precedia para gerir as sessões de treino. Não foi difícil, bastou-me replicar a rotina a que fora sujeito ao longo da minha formação, sem variações de monta. Voltas ao rinque, arranques, travagens, passes, seticadas para treino de guarda-redes, talvez um pouco mais intensas dado o facto de me manter sempre à cabeça do pelotão.
Todavia, o plantel era demasiado fraco, constituído exclusivamente pelo pessoal da fábrica, incluindo o seu Director Geral com quem conversei várias vezes acerca da debilidade do grupo e de possíveis objectivos que visassem algo mais do que a simples prática. Como consequência da troca de impressões, envidaram-se esforços para empregar mais um ou outro trabalhador, oriundos da capital, que praticassem a modalidade. Vieram dois que jogavam no SNECI, nas Reservas, o Eduardo Moreira e o António Luís Nunes de Assunção, tendo este alinhado comigo em Seniores, várias vezes.

A equipa do Buzi: Da esq. de pé: Luís Valentim, Armando Clemente Passos da Silva, Figueiredo, Frederico. Agachados: António Candeias, Jeremias, Manuel Carvalho e Joaquim Miguel
Este cenário despertou-me para uma análise mais pormenorizada da actuação da equipa, inclusive a minha, bem como a dos adversários, arrumando de uma forma incipiente, os registos mentais que possuía de tantos jogos que já realizara até essa altura. Tive em conta especial a equipa do Buzi, principal oponente e, uma vez mais à vontade na posição de treinador, passei a reconhecer com clareza, grão a grão, as necessidades dos jogadores e da equipa, face aos obstáculos que se verificavam na pista.
As imagens dos incontáveis jogos realizados em Lourenço Marques e, em especial na Metrópole, passaram a desfilar na minha mente, agora de maneira mais selectiva. Entretinha-me, nos momentos de ócio, a escalpelizá-las friamente o que me levou a conclusões que ainda hoje fazem parte do meu reportório de descobertas e que desenvolveram a minha capacidade de liderança. O resultado foi uma intensificação das cargas de treino que levou à conquista inesperada do Campeonato Distrital da Beira, único título de Seniores por mim ganho em Moçambique.
De facto, nada como estarmos numa posição de responsabilidade para activar o cérebro. Até esse momento, nunca olhara com sentido crítico para os ensinamentos que prévios treinadores me tinham ministrado, mas ficou definitivamente claro que muito pouco, ou nada, contribuíram para a evolução técnico-táctica que se operou em mim, numa modalidade que se quer dinâmica e em contínuas mutações. Tal como no xadrez ou num campo de batalha, cadinhos de inúmeras acções e reacções, a sua análise e estudo permanente, baseados no raciocínio e na lógica, são ingredientes fundamentais para o sucesso dum treinador.
Ora, a meu ver, este sucesso do treinador, não se mede pelos títulos conquistados mas sim pelos conteúdos correctos que possui e pela capacidade de, num curto espaço de tempo, provocar modificações qualitativas, que elevem o nível de prestação desportiva da equipa a seu cargo, mesmo sabendo que os grandes obstáculos vêm de trás, resultado de conteúdos incorrectos aplicados nos escalões inferiores.
Passei três décadas em Portugal, a observar treinadores ganhadores sem conteúdos, mas acoplados aos clubes de renome, a vangloriarem-se das vitórias que foram alcançadas exclusivamente pelos plantéis poderosos que possuíam. Os perdedores, esses coitados, andavam sempre na corda bamba, despedidos aqui e ressurgindo acolá.
Olá. Gostei muito de ler sobre o Hoquei em Moçambique. Na foto da equipa do Buzi, em pé, o segundo a contar da esquerda era o mei pai Armando Clemente Passos da Silva. Cumprimentos
Caro Pedro
Agradeço o esclarecimento e já eliminei o ponto de interrogação na legenda da foto. Filho de meu adversário meu amigo é e folgo em saber que gostou do que leu.
Um abraço
Caro amigo:
Segundo informação recolhida num facebook de pessoas do Buzi, o primeiro guarda-redes da equipa é o Jeremias.
Abraço
Caro Pedro.
Os meus agradecimentos por ajudar-me a desembaraçar de um dos muitos pontos de interrogação que infelizmente ainda subsistem. Se soubesse na altura que um dia viria a produzir um Site, coisa nem sequer imaginada na altura, teria tido mais cuidado em legendar as minhas fotos.
Mais uma vez, um obrigado e um abraço.
Sr Velasco
Muito obrigado pelo o maravilhoso site sobre o Hoquei em Moçambique . Na foto da equipa do Buzi, em pé, o primeiro a contar da esquerda era o mei pai Luís Valentim. Cumprimentos
José Valentim
Caro José Valentim
Agradecido estou eu pois as duas fotografias ficam agora legendadas. A colaboração dos que acedem ao meu site é de prezar pois foi impossível gravar na memória os nomes de todos os meus valiosos adversários. Folgo em saber que se entusiasmou com esta penosa tarefa de contar a história do Hóquei em Moçambique, sob o meu prisma pessoal. É sempre estimulante receber um voto de apreciação.
Retribuo os cumprimentos com um abraço.